Logo que cheguei a São Paulo, em 2002, vinda da capital paranaense, cheia de sonhos e coragem, mas também amedrontada pelo tamanho da nova cidade e por toda mudança que ela significava em minha vida, conheci algumas pessoas que generosamente estenderam sua mão e me deram muito apoio emocional, fundamental para o início de vida nesta megalópole. Uma delas, foi a família nipo-brasileira, Martins-Tiba.
Dr. Içami Tiba, ou Tibinha como eu passei a chamá-lo, já um autor de livros de muito sucesso e um psiquiatra muito reconhecido em sua área, era uma pessoa muito culta, séria, calma, e na família, um homem apaixonado por sua esposa, Natércia Martins e muito amoroso com seus três filhos e com os muitos cachorros que conheci. Também, era um cara engraçado, cheio de tiradinhas infames, daquelas que a gente ri, por não entender o que ele queria dizer. Mas, o que mais me chamava a atenção no Tibinha, era o fato dele jamais julgar ou criticar alguém.
Existe algo em nossa mente que julga tudo e a todos o tempo todo. Temos a necessidade de estarmos certos e tornar os outros errados, e isso é absolutamente humano. E, muitas vezes entramos no jogo das críticas e fofocas só para pertencer a um grupo, mas precisamos lembrar o tempo todo que todos nós somos um espelho. Por nosso comportamento, nossas atitudes, nosso exemplo. Bons e maus.
Recentemente li um livro que me fez lembrar muito do Tiba e de tudo isso: “Os quatro compromissos”, de Don Miguel Ruiz. O livro aborda quatro princípios da sabedoria tolteca (do México) que são:
seja impecável com sua palavra (seja íntegro, fuja de fofocas e comentários negativos);
não leve nada para o lado pessoal (nada que os outros fazem é por sua causa. são projeções de suas próprias realidades e sombras);
não tire conclusões (comunique-se melhor para evitar mal-entendidos, tristezas e dramas);
e, dê sempre o melhor de si (que sempre pode mudar, mas que evitará autojulgamentos e arrependimentos desnecessários).
Muito provavelmente nem sempre consigamos seguir princípios assim ou aqueles que definimos para nós como corretos. Quantas vezes não nos arrependemos imediatamente de algo que fazemos ou falamos? O importante é continuar na busca de aperfeiçoar a nós mesmos, caminho este que não tem fim. E, chegar ao fim da vida, como o Tiba, deixando uma imagem de integridade, sabedoria e amorosidade. Qual a sua escolha?

