Meus pais tinham uma pequena plantação de verduras e legumes que vendiam à vizinhança. Na placa que ficava em frente à nossa casinha de madeira, um chamado especial “Não usamos agrotóxicos” que nunca esqueci. O ano era 1986, eu tinha 11 anos. Não entendia muito bem o que isso significava, mas hoje, percebo que o cuidado com nosso planeta, já fazia parte da família desde sempre. Cresci em meio aos orgânicos, galinhas criadas soltas e alimentadas com o milho que era plantado ali mesmo e à separação do lixo que não é lixo, lema que transformou Curitiba numa cidade exemplar na coleta seletiva. Meus pais nos deram uma base de valores e responsabilidade muito grande. Para conosco, para com outros e para com o mundo.
Procurei levar estes valores por todos os lugares onde passei e encontrei principalmente aqui na Vida Simples um terreno muito fértil para aplicar muito do que aprendi na vida e também ao estudar negócios conscientes. Mas, o que seria um negócio ou uma empresa consciente?
A descrição mais adequada e simples que conheço diz: é uma forma de se fazer negócios, que considera não apenas o lucro financeiro, fundamental para a sobrevivência da iniciativa e manutenção dos empregos, mas também considera o impacto social e ambiental onde a empresa está inserida.
O cenário empresarial tem evoluído ao longo dos anos, com uma crescente conscientização sobre a importância de práticas empresariais sustentáveis capitaneada sobretudo pelas questões climáticas urgentes que precisamos todos cuidar, mas sem dúvida, não se pode deixar de lado o olhar o contexto social, em que um país como o nosso, sofre tanta desigualdade.
No Brasil, acompanho diversas iniciativas que procuram ampliar esta conscientização através de educação e diálogos permanentes para que empresários, gestores consultores possam trocar ideias que sejam fáceis e simples de serem implantadas, especialmente para pequenas empresas, que não possuem capital para grandes investimentos. Recentemente, assinamos nossa declaração de apoio ao Instituto Capitalismo Consciente .
O movimento do capitalismo consciente é baseado em quatro pilares fundamentais: um propósito superior, liderança consciente, cultura consciente e uma orientação para os stakeholders, que são todos os envolvidos no ecossistema do negócio, como a comunidade da qual ela faz parte. Esses pilares têm como objetivo promover uma visão mais holística e integrada dos negócios, considerando o impacto em todas as partes interessadas envolvidas, como acionistas, funcionários, clientes, fornecedores, comunidades e meio ambiente.
A partir de agora, traremos mais conteúdos, práticas, histórias e exemplos que possam ser inspiradores de implementar nas empresas. E além de tudo, queremos mostrar aos cidadãos comuns, que há empresas que através de suas lideranças, querem sim, deixar o mundo melhor. Independente de seu tamanho. Como meus pais, lá atrás e ainda hoje em dia, na sua vendinha caseira.