Certa vez, participando de um debate, a mediadora me perguntou se eu me considerava workaholic. Tomada de surpresa, pensei um pouco e disse que não. Ou que, pelo menos, que achava que não, afinal eu procurava equilibrar o trabalho com a vida pessoal. Foi quando outra participante, uma cantora bastante conhecida, tomou a palavra e disse que ela também não, mas que era worklover. E então a conversa tomou esse rumo. Qual seria, afinal, a diferença?

A palavra em inglês workaholic é uma corruptela de alcoholic, que designa um viciado em álcool. Então concluímos que se trata de alguém viciado em trabalho. Já worklover seria a denominação de alguém que ama seu trabalho. 

Naquela ocasião, achei que eu fazia parte do segundo time, afinal, eu gostava muito do que fazia. Mas, fui percebendo ao longo do tempo, que este amor ao trabalho não passava de uma desculpa para meu comportamento totalmente workaholic. Épreciso cautela para classificar alguém e, principalmente, a si mesmo, como sendo de um tipo ou do outro.

Creio que todos nós queremos trabalhar em algo que realmente gostamos, assim, o trabalho nunca parecerá pesado demais, muito menos chato ou sem sentido. Há uma verdade nisto, mas é preciso observar que o trabalho cotidiano é diferente do objetivo ou do sentido do trabalho. Conheci uma médica-cirurgiã que adorava operar, mas que detestava o consultório. E um cozinheiro que se realizava produzindo pratos maravilhosos, mas que não suportava ir ao mercado em busca dos ingredientes.   

Pessoalmente, tenho a convicção de poder dizer o mesmo daquela cantora. Vejo-me a serviço das pessoas, levando a voz de Vida Simples, que tanto me ajudou ao longo de meu processo de desenvolvimento,  àqueles que também buscam este caminho. Mas, este trabalho tem sim seus encargos. A quantidade de detalhes a serem observados e cuidados é tão grande que eu preciso me policiar para não ultrapassar os limites do razoável, afinal, meu trabalho é parte importante da obra de minha vida, mas há outras partes, especialmente minha saúde e minha família.

Encontrar harmonia entre um trabalho que engrandece a alma, que desafia nossa inteligência e promove nosso sustento digno, com qualidade de tempo dedicado às outras áreas da vida, é um grande desafio, mas não impossível. Nem sempre isso ocorre  no começo da carreira, onde ainda estamos tateando nosso lugar no mundo. Mas nunca é tarde para procurar por ele e encontrar finalmente um trabalho que possa ser harmonioso para o que deseja para sua vida. E que você possa amar muito. 😉